domingo, 27 de junho de 2010

Ditadura lar doce lar



Estou cansado desse mundo de imposição, cheio de pessoas que se limitam a ditar coisas e julgar!
Numa sociedade como a nossa eu não me assustaria se o curso de direito fosse o primeiro no rank de escolhas para a profissionalização. Digo isso de tanto ver julgamentos alheios, que as vezes, sem querer, me torno réu inocente (e outras me condeno facilmente por meus próprios atos).
As pessoas julgam primeiro, sentem depois (ou nunca sentem), e por último questionam se estão certas. Não que esteja me fazendo de vitima, não é isso! E assumo minha posição como nascido sobre o signo de virgem, e logo herdeiro do modo irritante e analítico dos virginianos (sem contar as doses de perfeccionismo),por isso também tenho minhas doses de tirania diária. Mas é algo que tento trabalhar ao máximo, me questionando sempre que necessário,e por isso exercendo uma qualidade que me proporciona tirar dez (o único dez) na matéria de psicologia: A empatia!
Ter empatia significa apresentar uma identificação afetiva com uma pessoa. Alguns podem confundir isso com algum tipo de afeto amoroso, certo?

Errado!

Empatia é o ato de se colocar no lugar de uma pessoa, saber o que ela sente ou porque pensa de determinada forma. Parece fácil, mas na real é muito difícil! Porque somos altamente levados pelo senso egoísta que gira em torno do nosso umbigo.
È muito fácil apontar o dedo para o outro e ditar o que deve ser feito. Afinal, não se trata de nossas proprias ações,
são  as do outro. E o que os outros são, além de alguém que não seguiu os preceitos que julgamos serem certos. È mais fácil dizer que o umbigo alheio está sujo. Nesse caso (só neste caso) a dificuldade está em olhar para o próprio umbigo e observar o quanto também é sujo.
Igualmente, temos milhares de religiões que ficam por toda a eternidade apontando o que deveria ser “certo” e ou que é “errado”. Sendo todas irmãs que apontam para o mesmo foco, e quase sempre, ditando as mesmas filosofias: Elevação espiritual, explicação para o fim premeditado de todos nós (lê-se morte). Ou boa conduta de vida (lê-se: caridade para paz interior) ou ainda exploração a fiéis por causa maior (lê-se dízimo) Ops! Olha eu já julgando a religião alheia.

O fato é que crescemos com isso em casa!

Os pais transvestidos de capa preta, e um pulmão robótico do tipo “Guerra nas estrelas” impondo modos, ações, e ideologias que acham certo. Julgam e se cercam de Hierarquia acreditando sempre que pai é pai. Logo Senhor soberano da verdade absoluta sob o teto de casa.

—Você deve cortar as unhas!

Dita o pai para a filha adolescente.

—Por que?

Questiona a garota, de saco cheio por ser a terceira vez que o mesmo assunto é repetido na mesma semana.

—Unha grande é coisa de prostituta!

Impõem o soberano trabalhador e dono da casa.

—Mas tá na moda pai e eu gosto...

Ela nem consegue terminar e logo ele a corta.

—Você gosta de parecer uma prostituta? Olha! Você mora sobe o meu teto, então vai fazer o que eu estou mandando!

Diálogos assim acontecem sempre, algumas vezes com menos ignorância, outras, com a mesma ditadura familiar. Certamente é algo que se torna comum.
Eu não estou condenando os pais, nem fazendo apologia a anarquia dentro de casa. Os pais são as primeiras influências no desenvolvimento sentimental, intelectual e comportamental de uma pessoa. E por isso devemos tudo o que somos a eles!
È engraçado, mas é quase certo que você adote o comportamento do seu velho. O que eu nunca entendi é porque eles demoram tanto para perceberem isso.
Colocam sempre a culpa em você, por ser boca dura, por não ter respeito, e esquecem que o conhecimento de um aluno vem do que o seu professor ensina. Ou que a semente que germina no solo antes foi fruto da árvore que a concebeu. Ou seja, somos parte dos nossos pais o tempo todo!
O que me deixa puto (e me faz xingar pra caramba no Twitter), é que você deve abdicar ao julgamento deles, mas isso funciona de forma contrária, pois quando você tenta empregar isso contra eles (devido a uma certa postura errada que os próprios empregam de alguma forma) agem de forma superior e não aceitam certas criticas de mudança.
A falta da empatia começa nesse ponto. Os pais não sentem os filhos, não se colocam no lugar. Continuam sempre com esse conceito ogro de proteção e ditadura, que no fim se transforma em ausência. E um pai ausente aos sentimentos do próprio filho (e vice e versa) acaba em lamento, discordância e aquela mesma praga proclamada: Um dia você vai ter um filho assim que nem você.
Só que daí eu perguntp: Será que nenhum pai nasce sob a condição de filho? Será que eles nunca contestaram deixando uma unha grande e daí receberam a mesma ditadura ”lar doce lar”? E sempre ouviram a mesma praga que hoje utilizam: Um dia você vai ter um filho assim que nem você?
Parece ridículo eu sei! Porém eu me pergunto todos os dias qual motivo dessa mutação que causa a perda de empatia paterna? E nunca acho uma resposta satisfatória para essa maldição que todos eles jogam em determinada época da vida (“Um dia você vai ter um filho assim que nem você?”).
Eu não sei, se um dia vou ter um filho igual a mim. E se tiver espero que não puxe o meu cabelo!
Só sei de uma coisa, eu não vou me formar em direito. Mesmo fazendo o tipo para ser Juiz por ascendência astrológica. Meu negócio é desenvolver minha humanidade e tentar (fazer o possível) para entender os motivos dos meus pais. Sabendo que um dia vou estar com um charuto na boca e um olhar de espanto enquanto um enfermeira irá dizer:

—Parabéns o senhor é papai!

Então só me caberá perguntar:

—Notou se o cabelo era liso?

3 comentários:

Nathani Camargo disse...

Parabens,o texto ta otimo.E o que vc tem contra a cabelo nao liso??rsrsrsr

Luiza Callafange disse...

Bom, essa ditadura lar doce lar não acontece em todos os lugares... Infelizmente acontece comigo, acontece com você e uma porção de gente, mas já pude ver que em muitos outros há um outro conceito de família em casa...
Você diz isso agora, mas quando for pai, um monte de conceitos mudarão, um monte de idéias surgirão, e não apenas uma simples associação fenotípica (dentro disso, faço a mesma pergunta da Nathani.)

Cléber Vaz disse...

Bom, antes de tudo (vou colher os agradecimentos) muito obrigado Nathani.

Vamos as explicações (odeio fazer isso, mas vamos lá!) È fato que há lugares, no caso famílias que não usa o método Darth Vader na criação dos filhos. Assim como há lugares de pais que espancam o filho, a vida é assim minha nada é exato e tudo muito complexo. Não quis expor o mundo, mas o que eu sinto. A questão de tudo isso, é empatia acho que falta isso (pelo menos no circulo que vivo).
A parte da fala do "cabelo liso" também tem essa menção, o pai pergunta se o cabelo é liso porque tem cabelo crespo e logo odeia o cabelo e logo preocupado que o filho não sofra pelo mesmo gene de cabelo ele aguça a pergunta. E sobre eu como pai, isso não quer dizer nada meus conceitos vão mudar? È obvio, mas ainda terei a empatia de ter sido filho. E disso que o texto se trata empatia ou a falta dela.

Obrigado.