sábado, 27 de fevereiro de 2010

Virado no cão



Hoje eu to decidido a correr, pular a janela igual filme de ação.
Hoje eu não to ligando muito para controle emocional, se eu pudesse pegava imenso galão de gasolina e metia fogo em tudo.
E se alguém falasse alguma bosta eu atirava na testa com alguma automática que abrisse buraco em concreto.

To em estilo Quentin Tarantino.
To soltando fogo pelos olhos.

To mais puto que o Zidane dando cabeçada pra frente. Pior que torcida do São Paulo tretando em fila de estacionamento.
To querendo empalar, trucidar, matar esquartejar mijar e depois ressuscitar para fazer tudo isso de novo.

Hoje, exatamente hoje que eu to afim de correr, pular a janela igual filme de ação.
E se alguém falasse alguma bosta eu acertava uma voadora com os pés nos dois peito. Sem cair no chão.

To virado no cão.
To pior que o Bruce Lee.

To parecido com o Rambo, destroçando tanque com o dente!
To plantando bananeira com uma mão.
To usando óculos de gangster, parecido com o scarface.
To mascando pimenta em chicle de menta.

Hoje eu to com vontade de mandar to mundo pra puta que pariu.

Hoje eu to decidido a correr, to decidido a morder, to decidido a arrancar um pedaço.

Estilo Quentin Tarantino... Estilo Bulldog inglês caçando no mato.

To virado no cão e isso é fato!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Uma constelação para ser salvo II (conclusão)


"Estamos vivos sem motivos
Mas que motivos temos pra estar? "
 (Infinita Higway, Engenheiros do Hawai)

A primeira coisa, quando você tem a nítida certeza que vai morrer, são os olhos centrados, e a sensação de adrenalina que faz todo seu corpo transpirar. Então não há mais nada que passa pela sua mente, se não um leve conforto causado pelo vento, que toca sua face.
Ainda existe o perigo, ele acelera seu coração faz com que seu corpo fique quente e o sangue siga fluindo rapidamente por todo canal, até chegar num ponto que te dá uma impressão que tudo estava dormindo antes do  ponteiro apontar oitenta, noventa e agora  cem.

Torpor e Velocidade.

O ar fresco que entra pela janela, molda seu cabelo num aspecto de liberdade. Uma curva, duas, e a terceira é tão fechada que a sua consciência mal acredita que é você que está dirigindo.

"Engraçado".

Você pensa! Teus pais negam o carro e mal sabem quais são os teus limites de piloto. Na verdade, eles mal te conhecem desde que você veio ao mundo e aprendeu a usar o banheiro. E mal sabem que agora você dirige igual gente grande, atravessando uma paisagem noturna, sendo guiado por placas de curvas acentuadas, amarelas e com faróis que te seguem em alta velocidade à esquerda.

A vida faz sentido de novo, é tudo muito claro, apesar de muito escuro. E você entende a teoria das folhas presas nos galhos das árvores. Seguras e cercadas de outras folhas, que um belo dia são forçadas a irem embora levadas pelo vento a voar por caminhos desconhecidos. Elas abdicam a proteção de tudo e partem para vida, até que o tempo cesse sua viagem. Então elas endurecem e quebram-se em pequenas partículas. para um novo dia unir-se  novamente ao vento.

Eu entendo as folhas, mas não entendo a falta de liberdade que temos.

Chego em meu destino, a estrada e o perigo estão longe, atrás numa colina grande de sombras formada pela própria noite. Paro o carro no acostamento, meus amigos querem ver o mar. Todos nós somos folhas, e a estrada é o nosso vento. A sociedade,  nossa árvore, que variavelmente temos de largar para trás, pegar um carro e sumir no horizonte e brincar  que estamos livres para no dia seguinte voltar. Porque ninguém é realmente livre neste sistema. Somos todos presos à alguma coisa.
Chegamos, e logo pisamos na areia, ela é fofa e o som das ondas ainda me acalma. Tiro minha camisa e vou pouco à pouco sendo submergido pelo mar, deixo que a correnteza me leve. O mar está noturno, tão vivo e grandioso que me faz sentir vivo também. Eu deixo que as ondas me cubram. E as estrelas me cercam de novo, elas estão refletidas nas águas, expostas no céu e no mar.
Acordei de um sono profundo. Sei disso, só agora. Quando uma onda vem com força e empurra meu espírito de volta.

Retorno  à superfície, balanço o cabelo e respiro profundamente. Poderia morrer agora, e estaria completo. Já que tenho certeza que minha existência foi plenamente vivida.

Se fosse embora agora, tenho certeza que meus professores saberiam que mesmo não sendo um aluno modelo, eu fui o mais dedicado, simplesmente agradecido pelo ensino que me mudou.
Sei que meus pais saberiam que todas  mentiras que omiti de lugares perigosos que fui, foi somente por pura preocupação, para  não causar preocupação.
Eles me perdoariam. Sei disso, pois fizeram o mesmo na minha idade. Seguindo cada mistura, cada principio que viram viver em mim.

Dos meus amores que não tive, guardaria o amor próprio. Que bate feito uma percussão acelerada no meu peito neste instante. Então eu poderia ir, sem ficar desapontado por não amar ninguém, pois eu amo. Amo a vida
!E dos amores que tive ficaria feliz. Sabendo que todo carinho que entreguei, foi deveras verdadeiro. Assim poderia partir dizendo que amei profundamente, tendo compartilhado a minha alma em cada lábio que beijei, em cada carta que escrevi. Cada fala de saudade. Acho que assim eu viveria para sempre, nas ondas, nas apostilhas e nos corações de quem cruzei.

Tenho certeza que meu único arrependimento seria de não poder mais sentir tudo isso outra vez.

Digo até logo ao mar. Digo até logo, pois eu sei que mesmo estando pronto para dizer adeus, eu quero viver mais. Sentir as estrelas sobre mim, e brilhar como uma constelação, e assim ser salvo, como tantas vezes fui.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Uma constelação para ser salvo I (A sensação)


"Qual foi a semente que você plantou?

(Legião Urbana,  Eu era um lobisomem juvenil)

Parados no alto da avenida, os carros passam muito rápido, e eu já não posso acompanhar. A garrafa de uísque escapa da minha mão e cai derramando pela calçada, o liquido vaza espirrando na minha calça. Eu deixo cair, deixo que derrame, deixo que a garrafa seque longe de mim.

 Os caras discutem sobre a falta de lugar pra ir, eu apenas balanço a cabeça dizendo que não posso dirigir agora. Recolho a garrafa vazia, meu corpo está Rock and Roll, balançando pra lá, e pra cá. 

Sem querer um grito sai da minha boca: 

Oh! Os anos sessenta!!!! Que vontade dos anos sessenta!

Os caras ficam em silêncio, eu fico em silêncio, e no fim só o que permanece é o som dos carros na avenida.

Os caras  estão todos bêbados. E todos de algum modo pedindo para serem salvos de alguma coisa.

No intimo eles são como crianças indefesas, carentes ansiando desesperadamente o seio de uma mulher. Procuram seguir em frente ambicionando qual dos passos diminuem a corrida. Sempre estamos  juntos com a juventude entalada na garganta. Juntos relembrando a pouca juventude que passou, dividindo as mazelas do mundo entre si.

Falamos sobre os amores que não deram certo. Falamos sempre das mulheres que nos deixaram, ou das mulheres que queríamos ter, mas não tivermos. Todas as noites de domingo, jogando  conversa fora. E desde então, vejo eles rirem como se o dia durasse apenas mais alguns segundos, e no fim a hora parasse ali, no mesmo dia.

Penso em algumas pedras de gelo no copo e uma garrafa de uísque aberta. O ruim do alcoól é que algumas vezes ele faz a melancolia desabar na linha da boca. E não importa qyão homem você seja se for exposto pelo aroma alcoólico da vida, vai desabar  na mesa como um garotos chorão que perdeu a mãe! O álcool torna as pessoas mais suaves sem nenhuma dificuldades para chorar. No fim tudo não passa de um drink em memória da esperança. meio  perdida, meio esperada. 

De volta a velha garagem coloco gelo no meu copo, apenas gelo pra ver se a coisa desce com menos fúria. Pego o violão e vou me sentar sozinho a beira da piscina. Ninguém percebe minha ausência na mesa. Estão entretidos com doses e doses de bebida e contos de autoconfiança ,que eu não tenho.
Eu passo pelo o pé de amora, há muito tempo eu peguei algumas e amassei num copo de rum. Eu tinha um coração fervente, um coração em fogo vivo e o mundo era o meu playground. 

Tudo desaparece tão de repetente, penso,olhando a água parada na piscina. Vejo o quanto tenho em comum com o lodo que cresce na margem. 
Afino as cordas do violão,e começo a cantar para as águas escuras da piscina. Começo a cantar para a lua que aparece iluminando os acordes dificultosos que eu ainda não domino bem, e com uma voz rouca e desafinada eu faço a canção aparecer.

Cantando aqui, penso que cresci envolta de partituras que eu nunca soube ler. Cresci fantasiando eras clássicas e vomitando épocas underground que eu nunca vou viver, afinal minha alma é uma mistura desses uísques baratos e Rock de rua.
Minha alma é entupida de tantas coisa que derramam lágrimas. Minha alma na depressão noturna, num beco encardido caída nas vielas de uma cidade interiorana tão afastada de tudo.Se afogando no encalço de uma piscina parada. Numa época que na verdade não entendo nada!

O céu parece distante daqui, estiro meu corpo na parede e deixo o violão no meu colo. Não é a primeira vez que observo o céu sozinho. Essa distância do céu podia parar de existir, daí podíamos tentar ser como constelações. Brilhar perto da ursa maior, guiando algumas pessoas caso precisem de rota. 

Se alguém está perdido automaticamente procura o céu. Somente quem está perdido busca o caminho do céu, Procurando algum traço na palma de Deus, tentando ler as linhas dos cosmos. Nessa eterna quiromancia dos firmamentos.

Eu peço por meus amigos, peço por exatidão. Peço por meu destino, e pelo destino de quem me cerca. Peço para ser salvo!
Um pouco mais disso! E então eu posso dormir quieto. Abraço o violão e caio por ali mesmo. Vou caindo ainda escutando a música na minha cabeça, ainda olhando para piscina. Ainda ouvindo os meus amigos rirem bem alto. Eu caio e fico por ali mesmo.
Imagino o mundo, imagino o céu. Imagino Deus numa constelação egípcia,  em uma grande constelação brilhante perdida no espaço.

Uma vez eu pensei que Deus fosse uma semente, pensei tanto que usei no pescoço como símbolo de confiança. Usei como equilíbrio que me faltava, sempre que precisava de apoio. Sempre que precisava ser salvo por me sentir desamparado, recorria aquela semente.
Eu gostava dela, gostava de olhá-la. Não era mais um símbolo, era o meu símbolo a minha crença de estar vivo!
Algo que pudesse lembrar quando os caminhos fossem pesados, afinal as sementes só germinam quando bons frutos morrem, é o ciclo natural.
Certa vez encontrei alguém de quem gostei muito, e como prova de afeição ofereci uma semente igual a minha como presente... Assim podíamos ser partes da mesma essência. Romântico demais para ser verdade (e não foi!)...  Depois disso, fui perdendo pouco a pouco meu equilíbrio e numa manhã de ressaca não me surpreendi de ter acordado sem ela presa no meu pescoço. Depois disso fui me segurando, restaurando como podia, mas não há um instante que eu não sinta falta, quando percebo que não há mais semente... Não há mais nada que eu possa pedir um pouco de restauração além de mim mesmo! Acho que é por isso que vivo cantando, a música sempre salva alguma coisa!

Estou fatigado de tanto introspecção. Fatigado de tanto desejar algo num último gole de destilado. O único desejo que me resta é ficar aqui esperando a música, oh! A música sempre acaba.
Não importa quanto tempo você repita o último refrão... Não importa se está no "repeat" uma hora a música sempre acaba terminando.
Todos nós, feitos de carne e regidos por compassos inanimados... Brindando pelas causas perdidas, olhando o céu atrás de um estrela guia... Pedindo mesmo que internamente para sermos salvos de alguma forma. Todos, todos... nós! Brilhando em constelações musicais feito poeira perdida nos cosmos.


Cantando e cantando para sermos salvos e de algum modo  sempre seremos!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sonho Felino


Quero viver como os gatos vivem!

Solto na noite com olhos brilhando, bicho noturno da vida. Quero ser filho de mãe felina, novelo de lã de cada emoção...

Quero caçar ratos em plena avenida, me aventurar na boca de cada bueiro. Ter olfato aguçado, tomar um banho lambido em cada estação...

Quero um namoro felino, sem compromisso, motivo de cio invés de coração! Quero a irresponsabilidade do instinto...

Quero soneca em sofá da sala, quero cair em sete vidas. Ter pelugem castanha bege, acinzentada.... Quero ser gato de rua, caçada noturna miando, miando pra lua...

Quero saltar pelas ruelas, fugir de cadelas escalando pela Avenida São João...

Vivendo assim como os gatos vivem... Solto em qualquer quarteirão!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ela...


Ela é como um sorriso há muito tempo esquecido, alucinado que sai pelo canto da boca... Igual a uma fantasia que chega sem querer.
Ela tem a graça de tantos filmes de comédia que não assisti.

È meu abraço incontestável num dia frio, a companhia simples do sentido de compreensão que sempre esperei.

Ela é minha platéia mesmo quando todos os assentos estão vagos. Meus olhos de equilíbrio quando esqueço a última deixa... E quando sinto os tomates se despedaçando na minha face, tenho certeza que ela vai me aplaudir...

Ela...

Tão brilhante feito as estrelas. Tão aromática como uma flor do campo celeste.
Ela estranha como anjos, parecida com o paraíso! Merecedora de todo meu afeto. Meu nascer do sol de esperança, minha noite cálida aconchegante... Meu êxtase de inspiração!

Ela, só ela...
E é somente dela...
Meu grande amor.