domingo, 12 de julho de 2009

BR 8




A neblina mancha o para brisa do carro, meu rosto oscila na sombra do vidro. Nas arestas das gotas, avanço para um dilúvio cristalino. Todas as minhas tristezas escorrem pelo retrovisor. Arvores passam diante minha visão, distantes do meu toque, perto do meu coração.

O rádio desencadeia músicas antigas de um rock imortal.


Acelerador? Esta nos meus pulsos, acelera na medida em que abraço a estrada! Deixo o passado de lado embarcando num destino de bilhões de possibilidades. O tempo não existe, ele se espalha na quilometragem de cada placa. Tempo é passageiro desses que ficam só de passagem e somem na primeira alvorada assim que o sol nasce.


Transito por várias paisagens, dessas que arrancam nossas emoções e nos moldam a carne aumentando o anseio da estação atual. Cada fuligem de outono, cada nascer de primavera... Estações me lembram gente, até mesmo algumas que quero esquecer.
Se pudesse vivia tudo num dia só... Isolamentos de inverno, apego intenso de um verão disperso. Tudo isso emoldurado nessa paisagem de outono.
Estrada para aqueles que não possuem asas.

O volante desliza em minhas mãos, as curvas condizem em paisagens novas. Voar no asfalto em sessenta por hora. O horizonte diminui num raio laranja, o sol se despede da estrada. Woodstock está longe de mim, presa num tempo que não vivi.


A estrada consome minha saudade... Aquela da infância que vendi. De pessoas que fugi.
Estrada que me faz fugir.


Estende-se em sua faixa negra. interminável viagem para qualquer lugar.


Longe de todo mundo, das nuvens, do mar. Longe mesmo, bem longe assim...


Longe até mesmo de mim.

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