sábado, 23 de janeiro de 2010

A chuva não para



Te despertas no alto da noite, a chuva cai, a chuva mata...
Te desperta sem querer como se não estivesse dormindo, todas as lâmpadas estão desligadas.
E o corredor dorme no silêncio...

A chuva não para de cair!

Todo o resto sobra, toda escada é cinza, todo céu desaba em estrelas...
E a chuva não para de cair!

Solidão acontece, circulando nos pequenos traços de fuligem. Desenhos de pó que acompanham a parede... Articulações pretas escorrem pelas frestas do telhado...
A casa sangra, a casa dorme! Resta apenas o que não foi dito, resta o que ainda acontece...

Na medida que a chuva não para de cair!

Os ratos morrem afogados na calçada, a água sobe pelas escadas... Passa por debaixo da porta, trazendo toda sujeira jogada fora... Tentam erguer os eletros domésticos, tentam tirar os cabos da tomada... Tentam se abrigar no telhado, mas a chuva não para de cair!

Todo colchão flutua, todo chão é sujo e todo corpo pode se afogar...
E a chuva ainda cai! E vai continuar a cair!

Te despertas no alto da noite, pois pode ser tarde..
A chuva não para! A chuva pode matar!

Um comentário:

Luiza Callafange disse...

Ela mata, mas simultaneamente iliba a alma...