sábado, 18 de outubro de 2008

Destituído


Sou órfão abandonado na sarjeta, de sapatos esburacados.

Deixado de lado, coração quente.
Olhando pra todas aquelas janelas da cidade.
Sabendo que não tenho ninguém para voltar à noite.

Sou um largado de coração mole, aos prantos nos cantos estirado à saudade.
Saudade de mãe fugida, de pai ausente.

Saudade de criança abandonada no meio da rua...
De Minha amargura, sem brinquedo nem lua.

Sou criança medrosa, xixi na cama. Medo do escuro nulo sem paz em mim.

Sou infância sem roda, sem ceia nem moda, que anseia por colo de vó.
Meio semente sem solo, feijão que cresce no algodão.
Tô deitado no chão, nem mesa com pão.

Órfão assim da imensidão.

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